A Direita Radical nasce do Socialismo

Pode parecer um contrassenso que o Socialismo esteja na raíz do aparecimento da Direita Radical, mas este é um facto facilmente explicável.

O Socialismo defende a igualdade entre pessoas, independentemente do mérito. Esta ideia é muito bonita e até bastante cristã mas, levada ao extremo, prejudica toda a sociedade devido à supressão do incentivo à produção de valor. Para além disso, o Socialismo apoia-se necessariamente num estado grande e forte, que por sua vez requer a recolha de muitos impostos, impostos esses que também suprimem a liberdade económica.

As pessoas conseguem facilmente entender uma relação Causa-Efeito, mas têm mais dificuldades em entender relações “Causa => Efeito => Efeito => Efeito”. Ou seja, quando um efeito é a causa de algo, as pessoas não conseguem facilmente identificar a verdadeira causa. Este ponto é importante, pelo que vale a pena explicar com um exemplo.

O Socialismo é o que causa o Radicalismo
O Socialismo é o que causa o Radicalismo

Imaginemos que um cão solto morde uma pessoa na rua. A causa será o cão e o seu mau temperamento, o efeito é a mordida na pessoa. Então “Cão” causa “Mordida”. Analisando um pouco mais aprofundadamente, descobrimos que o cão é maltratado pelo seu dono e por este sujeito a períodos prolongados de fome e falta de higiene. Descobrimos também que o cão é treinado a atacar desconhecidos e, que é por vezes solto de forma negligente. Então, neste exemplo, o dono causou o comportamento do cão, e o cão causou a mordida na pessoa. Então, neste exemplo, torna-se mais fácil de entender que o dono do cão é, indirectamente, a causa da mordida na pessoa. Este exemplo é deliberadamente simples de entender também pela razão de que a própria lei atribui aos donos dos cães a responsabilidade dos actos danosos dos seus animais.

Agora, vejamos a relação entre Socialismo e o aparecimento da Direita Radical. O Socialismo causa a debilidade da Economia, suprime os que produzem e, ao mesmo tempo, premeia os que não produzem, tudo isto em nome da “justiça social”, mas com o propósito escondido da sua própria perpetuação no poder para serviço das suas clientelas. Dado que a ideia é romântica e aparentemente aceitável, o Socialismo tende a proliferar, o que causa a engorda sucessiva do Estado, que por sua vez aumenta as oportunidades de corrupção, nepotismo e clientetelismo e exige cada vez mais receitas na forma de impostos. Então, deduzimos assim que Socialismo é causa e que Supressão Económica é efeito.

Os Média tendem a defender o Socialismo e a suprimir tudo o que a este se opõe. As clientelas do Estado gostam do Socialismo porque dependem deste. A sua influência sobre os Média é grande, o que suprime qualquer voz que se oponha ao estado das coisas, às políticas socialistas e à “defesa dos mais pobres”, etc. Neste estado das coisas, a defesa do mérito, do lucro e do crescimento das empresas são ideias a abater.

Se reparar bem, pense no que sentiu quando leu a palavra “lucro”. O Socialismo suprime este conceito e os Média demonizam-no. As rendas dos proprietários de imobiliário tendem a ser vistas como ilegítimas, os lucros tendem a ser vistos como exploração dos trabalhadores, etc. Estes conceitos anti-lucro e anti-rendas escondem o facto de que sem rendas ou lucros não existiriam casas para arrendar, nem empresas onde trabalhar, o que seria o equivalente a dizer que existiria mais desemprego e mais famílias sem ter onde morar.

Então, Socialismo é causa e Supressão do Lucro é efeito. Supressão do lucro é causa e desaparecimento de empresas é efeito. Desaparecimento de empresas é causa e Desemprego é efeito. Como um pouco de coragem, o leitor facilmente chegará à conclusão de que Socialismo é causa e Desemprego é efeito. Sim, é isso mesmo: Socialismo causa desemprego!

Pelo mesmo raciocínio, Socialismo também causa rendas altas e uma carência de casas para arrendar. Se ainda não acredita, vejamos:

O Socialismo impõe leis e regras que suprimem os senhorios. Senhorios são proprietários de imobiliário que decidiram colocá-lo em arrendamento. (Repare que um proprietário não é obrigado a ser senhorio. Um proprietário é senhorio na medida em que acredita que as leis e regras lhe permitem obter rentabilidade dos seus investimentos.) A supressão dos senhorios é exercida por via de impostos elevados e por um outro meio ainda pior – a desprotecção legal efectiva em caso de incumprimento de inquilinos faltosos. As pessoas desconhecedoras dirão que isto não é assim porque a lei permite pôr um inquilino incumpridor na rua. Na prática, os inquilinos que são incumpridores, para além de não pagarem por muitos meses seguidos, no final chegam a destruir propositadamente os bens dos senhorios, saindo disto perfeitamente impunes. O Socialismo não se importa nada com isto porque o que importa são os que não têm bens, independentemente dessas pessoas não terem bens porque não os compraram e porque não se sacrificaram minimamente por estes. Como consequência desta supressão sobre os senhorios, muitos proprietários preferem ter as casas vazias ou então vendê-las. Como resultado disto, há menos casas para arrendar e, pela lei da oferta e da procura, os valores das rendas tendem a subir. E, pelo medo de arrendar a inquilinos que possam depois incumprir, muitas pessoas são simplesmente discriminadas e relegadas para a impossibilidade de arrendar.

Portanto, uma análise séria e corajosa concluirá que o Socialismo gera falta de imobiliário para arrendar e rendas altas para todos, incluíndo para as pessoas cumpridoras.

Pode parecer um contrassenso, mas o Socialismo prejudica activamente os interesses dos inquilinos, dos trabalhadores e das franjas desprotegidas da sociedade. E o incrível é que o Socialismo faz tudo isto em nome do contrário de tudo isto.

Isto só é possível porque as pessoas não entendem facilmente isto:

“Causa => Efeito => Efeito => Efeito”

Toda esta supressão das pessoas produtivas, das empresas, da rentabilidade e da figura do lucro, e toda a supressão da liberdade de expressão daqueles que se opõem ao Socialismo, vão gradualmente causando um sentimento crescente de revolta em algumas pessoas que sentem que algo está mal, mas não compreendem bem o que é ou como as coisas se estão a degradar. Este é ambiente ideal para aparecer a Direita Radical, um conjunto de pessoas que se opõe ao Socialismo, mas que não pára por aí. A Direita Radical tenta atribuir a condição de Causa a coisas que notoriamente não o são. Estas pessoas tendem a dizer que os estrangeiros são o problemas, quando na realidade isto não é verdade. As etnias e as raças minoritárias são também atacadas em nome desta insatisfação. Com isto, surge o racismo e a xenofobia que, por um lado é um problema social, por outro, dão a motivação perfeita para que os Média tendam a querer opor-se a estas ideologias.

No entanto, estas pessoas radicais de direita têm uma outra característica – a polémica. A polémica gera audiências, o que é um “combustível” de excelência dos Média. Então, os radicais de direita dão lucro aos Média, razão pela qual estes últimos dão direito de antenas aos primeiros. Quanto mais aparecem no espaço público, mesmo que para serem alvo de repúdio, mais e mais pessoas moderadas se tornam menos moderadas e embarcam nesta ideologia. Estas sentem que algo está mal, sem se aperceberem que a origem desse mal é o Socialismo. Então, quando alguém “corajoso” vem a público dizer “as verdades” que mais ninguém tem a “coragem de dizer”, essas pessoas têm a tendência para se converterem a estas ideias radicais.

Muitas dessas pessoas moderadas não discordam do papel social do estado e, cegos pela sua ignorância da causa real da degradação das condições económicas do país (o próprio Socialismo), tendem a acreditar que o mal está nos estrangeiros e nas minorias. Ora, tudo isto é um absurdo e, naturalmente, furiosamente aproveitado pela outra parte do espectro do absurdo – a esquerda radical.

Então, se leu atentamente este texto, facilmente pôde deduzir que, por um “efeito de dominó”, o Socialismo gera pobreza, fomenta o aparecimento da Direita Radical, o fortalecimento da Esquerda Radical e a consequente divisão da sociedade em duas facções tendencialmente violentas.

Confronte corajosamente estas ideias e depois olhe para aquilo que está a acontecer no seu país. Se conseguir, verá que a única coisa a fazer será dar o apoio a alguma força política que seja a favor da liberdade, que não seja socialista e que não seja radical ou populista.

A corrupção e a degradação da sociedade são os preços a pagar pela indiferença das pessoas dessa sociedade quanto às questões políticas e da gestão das coisas públicas. O Socialismo prolifera a partir dessa indiferença.